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Foto do escritorFraternidade São Nicolau

22º Domingo depois de Pentecostes

Deus e César



PRÆLEGENDUM (Sl. 129, 3-4; 1-2)

Se levardes em conta nossas faltas, Senhor,

quem haverá de subsistir? Mas em vós se encontra o perdão.

Das profundezas eu clamo a vós, Senhor, escutai a minha súplica!

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,

Como era no princípio, agora e sempre,

e pelos séculos dos séculos. Amém.



CÂNTICO DO APOCALIPSE (Ap. 4-5)

Senhor nosso e nosso Deus!

Tu és digno de receber glória, honra e poder,

pois criaste todas as coisas;

por tua vontade elas foram criadas e existem.


Tu és digno de pegar o livro e de quebrar os selos.

Pois foste morto na cruz e, por meio da tua morte,

compraste para Deus pessoas de todas as tribos,

línguas, nações e raças.


Tu fizeste com que essas pessoas

fossem um reino de sacerdotes

que servem ao nosso Deus;

e elas governarão o mundo inteiro.


O Cordeiro que foi morto é digno de receber poder,

riqueza, sabedoria e força, honra, glória e louvor.

Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro

pertencem o louvor, a honra, a glória e o poder

pelos séculos dos séculos. Amém.



📖 EVANGELHO de Jesus Cristo, segundo São Mateus 22,15-21

Naqueles dias, os fariseus juntaram-se para arranjar uma maneira de apanhar Jesus em falso, fazendo-o dizer qualquer coisa que lhes desse motivo para o prenderem. Resolveram mandar alguns dos seus homens, juntamente com os herodianos, para lhe fazer esta pergunta: “Mestre, sabemos que dizes a verdade sem hesitações, e que não te deixas arrastar pelas opiniões dos homens. Ora diz-nos o que achas: estará certo ou não pagarmos impostos a César?”

Jesus percebeu a sua intenção e exclamou: “Fingidos! Porque é que querem experimentar-me? Mostrem-me uma moeda!” E eles entregaram-lhe uma moeda pequena. “De quem é a figura nela cunhada? E de quem é este nome por baixo?” Responderam: “De César.” E disse-lhe: “Pois bem, deem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus!”


Te louvamos, Senhor!


Dinheiro de César. Entre 1600 e 1640. Por Rubens, atualmente no Fine Arts Museums of San Francisco, na Califórnia, EUA.

HOMILIA

Mons. Jonas, parafraseando São João de Saint-Denis


Queridas irmãs, queridos irmãos... é uma alegria reencontrá-los nesta manhã de domingo para das graças a Deus pela vida.


O Evangelho de Mateus descreve muito bem a armadilha que os fariseus prepararam para Jesus. Invejosos do sucesso crescente de Cristo junto do povo, os fariseus queriam comprometê-lo e levá-lo a fazer declarações que poderiam sair pela culatra.


Note-se que estes fariseus tinham feito uma aliança com os herodianos, colaboradores dos romanos, a potência ocupante da época. A sua abordagem é cautelosa, mas muito hábil. Não hesitam em recorrer à chantagem e, depois do elogio, fazem uma pergunta que parece bastante simples. “É lícito pagar impostos a César ou não?” Se Cristo respondesse que sim, iriam denunciá-lo aos patriotas e gritariam escândalo, porque ele se mostrava favorável ao invasor romano, ou seja, um colaborador. Se a resposta fosse negativa, os herodianos não deixariam de o denunciar aos ocupantes romanos como um opositor e, assim, condená-lo.


Cristo sabia muito bem que os judeus estavam naturalmente revoltados com a ocupação romana, que aceitavam as vantagens materiais da ocupação, sabendo aproveitá-las. Sabiam também usar a moeda romana, a única moeda aceita para pagar o tributo. Assim, Cristo pediu que lhe fosse entregue o dinheiro do tributo. Astutos, mas ingênuos, os fariseus mostram-lhe a moeda romana, e a resposta surpreende-os e desmascara-lhes a armadilha.


"De quem é a efígie que está na?”. Responderam eles: de César. Então disse-lhes: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus." Uma resposta admirável, uma solução perfeita, uma palavra celeste! Equilibra o desprezo do mundo e a honra devida a César, de tal modo que liberta as almas consagradas a Deus de todas as preocupações e embaraços do mundo, quando diz que é preciso dar a César o que é de César.


A tradição cristã vê na resposta de Cristo um tema que pode orientar o nosso comportamento na terra, porque hoje, como no passado, César é o poder civil. Se este poder é legítimo, participa, consciente e inconscientemente, da própria autoridade de Deus. O apóstolo Paulo recorda-nos, na carta aos Romanos, este fato. Por isso, o poder civil tem direito ao nosso reconhecimento e à nossa dedicação ao bem comum, que tem por missão assegurar a todos. Como cristãos, somos convidados a não entregar a nossa liberdade como mercenários nas mãos de César, isto é, do poder civil. Mas, como cristãos, pertencemos a Deus, e a nossa vocação essencial, segundo o mandamento de Cristo, é devolver a Deus, como o primeiro a servir, as coisas que lhe pertencem.


Moeda mostrando César Augusto Tibério no anverso e a Pax no reverso.

Numa das suas homilias sobre São Mateus, Santo Hilário diz assim: "Devemos devolver a Deus o que lhe pertence, isto é: o corpo, a alma e a vontade". Assim, ao reconhecer a sua origem e a causa do seu crescimento, é justo devolvê-los ao seu autor, ou seja, a Deus. Respeitando a ordem cívica, o Evangelho de Mateus convida-nos a manter a autonomia da nossa consciência e a recordar que devemos preparar-nos para comparecer no julgamento de Cristo, salvador e redentor, como diz o apóstolo Paulo na Epístola de hoje.


O essencial na nossa relação com Deus continua a ser o amor, e Paulo diz aos Romanos: "Todos [os mandamentos] se resumem nesta palavra: amarás o teu próximo como a ti mesmo. A caridade não faz mal ao próximo. Logo, o amor é o complemento da lei." O amor é o que instrui, não é um sentimento cego, uma paixão irracional, nem é algo que vem do conhecimento intelectual e do raciocínio, não, não é isso.


A inteligência, por si só, não conduz ao amor. Só a nossa fé pode dar-nos o conhecimento do qual brota o amor de Deus. É a forma como olhamos para as coisas que desperta o amor de Deus em nós, e esse olhar é o olhar da fé. O amor cresce com a fé pura, e a nossa fé alimenta-se da oração litúrgica, da oração pessoal e da meditação da Palavra de Deus.


Se conseguirmos conciliar o nosso dever para com a cidade, para com a pólis, para com César e para com Deus, então vivemos plenamente no Amor a Deus e ao próximo, servimos primeiro a Deus e depois damos a César o que lhe é devido com uma consciência livre, para que possamos viver em paz e chegar ao conhecimento da Verdade e confessar a Trindade Divina, a quem seja dada toda a honra, glória e adoração pelos séculos dos séculos. Amém.



ORAÇÃO

(da Coleta, da Divina Liturgia Galicana)


Ó Verbo de Deus, imagem do esplendor do Pai, livrai-nos da sedução dos bens deste mundo, fazei-nos respeitar as autoridades que estabelecestes na terra e ensinai-nos a devolver-Vos o que Vos pertence, submetendo livremente nosso corpo e nossa alma à Vossa divina vontade.

Tornados puros e irrepreensíveis diante de Deus e dos homens, aguardaremos assim o dia de Vossa vinda, ó Deus, bendito pelos séculos dos séculos. Amém.




NOSSOS PAIS E MÃES NA FÉ - SANTOS DO DIA


Santa Ermelinda, virgem eremita em Meldaert, na Bélgica (+595)

Filha de uma família da alta nobreza belga. Contra a vontade dos pais, que desejam que ela se casasse, se entrega à vida religiosa. Ela primeiro se estabeleceu como reclusa perto de Jodoigne, mas tendo seu retiro sido descoberto, ela despertou o desejo de jovens senhores da região. Ela então fugiu e parou perto de Tirlemond, num lugar chamado Meldaert, no Brabante Belga, e ali encontrou um santo sacerdote que ela fez seu pai espiritual e que a orientou nos caminhos da santidade. Ela viveu como eremita até o fim de sua vida.

Fonte: Nominis.


São Dodon, Abade de Wallers (+760)

Gesta episcoporum Cameracensium [Feitos dos Bispos de Cambrai] (MGH, Script. VII, pp. 393-94), Dodon é originário da aldeia de Vaux, no Pago di Lomme, perto de Fagne, Foi confiado pelos seus familiares a Ursmaro, abade de Lobbes, que o batizou e educou. Depois de treinado, foi enviado como superior para a Abadia de Wallers, dependência de Lobbes. Mas preferindo a vida eremita, Dodon logo se retirou um pouco mais ao norte de sua abadia, para o local onde atualmente fica Moustiers-en-Fagne, e ali morreu, em meados do século VIII. Dodon foi um bom monge, caridoso e compassivo para com os pobres, cheio de humildade e santa confiança em Deus. Os monges do mosteiro de Wallers só podiam regozijar-se por terem tal abade à sua frente. É por isso que não hesitaram em torná-lo santo.

Fonte: Santi e Beati.



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