3º Domingo depois de Pentecostes
- Fraternidade São Nicolau
- 18 de jun. de 2023
- 9 min de leitura
Jesus e Nicodemos
PRÆLEGENDUM (Sl. 13)
Que o teu espírito de bondade, Senhor,
me conduza à terra da retidão:
pela honra do teu nome, faze-me viver na tua justiça.
Faze-me saber o caminho a seguir,
porque para Ti quero elevar a minha alma.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,
Como era no princípio, agora e sempre,
e pelos séculos dos séculos. Amém.
CÂNTICO DO APOCALIPSE (Ap. 4-5)
Senhor nosso e nosso Deus!
Tu és digno de receber glória, honra e poder,
pois criaste todas as coisas;
por tua vontade elas foram criadas e existem.
Tu és digno de pegar o livro e de quebrar os selos.
Pois foste morto na cruz e, por meio da tua morte,
compraste para Deus pessoas de todas as tribos,
línguas, nações e raças.
Tu fizeste com que essas pessoas
fossem um reino de sacerdotes
que servem ao nosso Deus;
e elas governarão o mundo inteiro.
O Cordeiro que foi morto é digno de receber poder,
riqueza, sabedoria e força, honra, glória e louvor.
Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro
pertencem o louvor, a honra, a glória e o poder
pelos séculos dos séculos. Amém.
EVANGELHO de Jesus Cristo, segundo São João 3, 1-13
E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.
Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.
Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.
Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.
O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim étodo aquele que é nascido do Espírito.
Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso?
Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?
Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho.
Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?
Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu.
Te louvamos, Senhor!

HOMILIA
por Mons. Jonas
Exarca para o Brasil
18 jun. 2023
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Queridos irmãos e irmãs,
Hoje celebramos o 3º Domingo de Pentecostes, tempo de ação de graças pelo dom do Espírito Santo. Tempo de testemunho, de missão, de busca da sabedoria que vem de Deus.
A sabedoria é o tema central das leituras que acabamos de ouvir. No livro da Sabedoria (9, 13-18), o rei Salomão pede a Deus a sabedoria para governar o seu povo com justiça e santidade. Ele reconhece que a sabedoria é um dom divino, que não pode ser alcançado pela razão humana. Ele diz: “Quem pode conhecer os planos de Deus? Quem é capaz de compreender a vontade do Senhor? Os pensamentos dos mortais são fracos; são incertos os nossos julgamentos” (Sb 9,13-14).
Na 1ª Carta aos Coríntios (15, 42-49), São Paulo fala da ressurreição dos mortos, que é a esperança dos cristãos. Ele afirma que assim como Cristo ressuscitou dos mortos, nós também ressuscitaremos com ele. Mas não ressuscitaremos com o mesmo corpo corruptível e mortal que temos agora, mas com um corpo incorruptível e glorioso, semelhante ao de Cristo. Ele diz: “Semeia-se corpo corruptível, ressuscita corpo incorruptível. Semeia-se corpo desprezível, ressuscita corpo glorioso. Semeia-se corpo fraco, ressuscita corpo vigoroso” (1Cor 15,42-43).
No Evangelho de São João, vemos o diálogo entre Jesus e Nicodemos, um fariseu que reconhece em Jesus um mestre vindo de Deus. Jesus lhe revela o mistério do novo nascimento pela água e pelo Espírito. Ele diz: “Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5). Jesus também lhe anuncia o seu destino de ser levantado na cruz para salvar o mundo. Ele diz: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna” (Jo 3,14-15).
O que essas leituras nos ensinam? Elas nos ensinam que a sabedoria não é apenas um conhecimento intelectual das coisas divinas, mas uma participação na vida de Deus. A sabedoria é um dom do Espírito Santo, que nos faz nascer de novo como filhos de Deus. É a luz que ilumina o nosso caminho para Deus. É a força que nos faz vencer o pecado e a morte pela fé em Cristo ressuscitado.
Mas como podemos receber essa sabedoria? Como podemos nascer de novo pela água e pelo Espírito? Como podemos participar da ressurreição de Cristo? Vejamos:
1. Nascer de novo ou nascer do alto?
A expressão grega “anôthen” que Jesus usa para falar do novo nascimento pode ter dois sentidos: “de novo” ou “do alto”. Nicodemos entende o primeiro sentido, e se pergunta como é possível voltar ao ventre materno. Mas Jesus quer dizer o segundo sentido, e se refere a um nascimento espiritual, que vem de Deus. Jesus não fala de um retorno ao passado, mas de uma abertura ao futuro. Ele não fala de uma repetição do mesmo, mas de uma novidade radical. Ele não fala de uma regressão biológica, mas de uma progressão espiritual”.
2. Nascer da água e do Espírito
A água e o Espírito são dois símbolos que evocam a criação e a salvação. A água remete ao batismo, que é o sacramento da iniciação cristã, que nos faz morrer para o pecado e renascer para a graça. O Espírito remete à unção, que é o dom de Deus, que nos faz filhos de Deus e templos do Espírito Santo. A água e o Espírito são os dois elementos que constituem o novo nascimento. Eles são inseparáveis, pois são os dois aspectos do mesmo mistério: a participação na vida divina.
3. Nascer para entrar no Reino de Deus
A objetivo do novo nascimento é entrar no Reino de Deus, que é a realidade escatológica inaugurada por Jesus com a sua morte e ressurreição. O Reino de Deus não é um lugar físico, mas uma relação pessoal com Deus, que se manifesta na justiça, na paz e no amor. Entrar no Reino de Deus significa entrar em comunhão com Ele, reconhecendo-o como Pai, seguindo-o como Filho e acolhendo-o como Espírito. Entrar no Reino de Deus significa também entrar em comunhão com os irmãos, vivendo em harmonia, em solidariedade e em fraternidade.
Caros irmãos e irmãs, não basta apenas entender as palavras de Jesus com a mente; é preciso também vivê-las com o coração (isso é fruto da Sabedoria). Não basta apenas nascer de novo pela água (ser batizado, ou receber os Sacramentos); é preciso também crescer na fé, na esperança e na caridade. Não basta apenas desejar o Reino de Deus; é preciso também anunciar o Reino de Deus com a própria vida.
As dificuldades do nosso tempo nos desafiam a ser testemunhas autênticas do Evangelho. Vivemos em um mundo marcado pelo individualismo, pelo relativismo, pelo consumismo, pelo egoísmo, pelas aparências... Vivemos em um mundo ferido pela violência, pela injustiça, pela pobreza, pela exclusão.
Como podemos ser luz neste mundo de trevas? Como podemos ser sal neste mundo sem sabor? Como podemos ser fermento neste mundo sem vida?
Somos convidados a buscar Jesus com sinceridade, dialogar com Ele com humildade, escutar a sua palavra com atenção, acolher o seu amor com gratidão, seguir o seu caminho com fidelidade, servir com generosidade, perdoar com misericórdia.
E ao buscarmos Jesus, ao convivermos com Ele, aprendemos d’Ele a acolher todas as pessoas como irmãos e irmãs, respeitar a sua dignidade e a sua individualidade, dialogar com eles com respeito e caridade, partilhar com eles os nossos dons e as nossas necessidades, rezar por eles e com eles. Isso é conversão. Isso é nascer de novo...
Que o Espírito Santo nos ilumine e nos fortaleça nesta missão. Que ele nos faça nascer de novo pela água e pelo Espírito. Que ele nos faça entrar no Reino de Deus. Que ele nos faça sábios aos olhos de Deus.
A Ele o louvor, a honra, a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amém.

ORAÇÃO
(Immolatio, da Divina Liturgia Galicana. Próprio do Tempo de Pentecostes)
É verdadeiramente digno e justo,
equitativo e salutar dar-Vos graças em todo o tempo e em todo o lugar,
Senhor Santo, Pai todo-poderoso, Deus eterno.
Com o vosso Filho único e o vosso Espírito Santo sois um só Deus,
sois um só Senhor, não na solidão de uma só pessoa,
mas na Trindade de uma só substância.
O que nos revelaste da tua glória,
nós cremos sem qualquer distinção ou diferença,
tanto do teu Filho como do Santo Espírito.
Assim, ao confessar a divindade eterna e verdadeira,
adoramos num só e mesmo movimento Pessoas distintas,
uma só natureza e igual majestade.
Pois Vós sois louvado pelos anjos e arcanjos,
pelos querubins e serafins, que não cessam de cantar a uma só voz:
Santo, Santo, Santo, Senhor,
Deus do universo!
O céu e a terra proclamam a tua glória.
Hosana nas alturas!
Bendito o que vem em nome do Senhor!
Hosana nas alturas!

😇SANTOS DO DIA

Santo Auberto, bispo de Avranches (~708).
Auberto, muito conhecido por sua caridade, teria sido eleito bispo de Avranches, região da Normandia, França, por aclamação. Amante da solidão, ia muitas vezes rezar no Monte Tomba e aqui precisamente um dia, tendo adormecido durante a oração, ouviu-se chamar três vezes pelo Arcanjo Miguel que lhe pediu que erigisse uma capela em sua honra ali no alto do monte. Auberto iniciou de imediato a construção de uma igreja, que, inicialmente confiada ao clero secular, no séc. IX passou para os beneditinos, que fizeram dela uma das abadias mais famosas do cristianismo, a Abadia do Monte São Miguel (Abbaye du Mont-Saint-Michel, em francês).
O corpo de Auberto, transportado para o Monte Tomba, foi submetido a uma pesquisa em 1012. O crânio tem um buraco que a tradição atribui à pressão do dedo de São Miguel.
Fonte: Santi e Beati.

Santa Marina - Marino, monja - monge (+750).
Marina amava tanto o pai que quando ele ficou viúvo e quis se retirar para o mosteiro, para não deixá-lo, ela se vestiu de homem e mudou seu nome para Marino, justificando seus traços femininos, fazendo-se passar por um eunuco. Após a morte de seu pai, ela continuou na ficção e levou uma vida monástica regular. Um dia ele acompanhou um grupo de monges a um lugar distante e por isso tiveram que passar a noite em uma pousada, mas aconteceu que a filha do estalajadeiro se deixou seduzir por um soldado, e percebendo que estava grávida, culpou Marino (Marina) do fato. A estalajadeira protestou ao abade do mosteiro, mas Marina não tentou se desculpar, foi expulsa do mosteiro e após o parto, foi-lhe confiada a criança que conseguiu criar com meios improvisados. No entanto, ela sempre permanecia no convento chorando e se arrependendo de uma falta que não era sua.
O abade, atingido pelo arrependimento depois de três anos, a admitiu de volta ao mosteiro, onde ela foi, como no passado, um exemplo de observância monástica.
Pouco tempo depois Marina-Marino morreu e quando chegou a hora de vesti-lo com roupas fúnebres, os monges espantados perceberam seu verdadeiro gênero e assim entenderam de que difamação ela havia sido vítima e como ela o aceitara com a maior resignação.
As várias igrejas ortodoxas a comemoram em vários dias diferentes de seus calendários.
Fonte: Santi e Beati.

Santo Amando, bispo de Bordeaux (+431)
Santo Amando, sacerdote da comitiva de São Delfim, sucedeu-lhe por volta de 404, tornando-se o terceiro bispo conhecido de Bordeaux. Tinha preparado São Paulino para o batismo e manteve-se em contato com ele. A partir de 408, a Aquitânia foi perturbada por invasões bárbaras. Foi no meio das perturbações que estas provocaram que passou a ocupar o lugar de São Seurin; a morte deste último levou-o a assumir o governo da diocese de Bordeaux. Durante o seu pastorado, teve o cuidado de preservar a pureza da fé, ameaçada por correntes heterodoxas de origem ibérica, contra as quais Delfim já se tinha pronunciado. Conhecemo-lo através de Gregório de Tours, Venâncio Fortunato e Paulino de Bordeaux, bispo de Nole. Mantinha correspondência com São Jerónimo.
Fonte: Nominis.

Santos Marcos e Marceliano, mártires em Roma (+287).
Irmãos gêmeos de uma famosa família romana se converteram na juventude. Quando Diocleciano se tornou imperador em 284, as perseguições aumentaram e os irmãos foram jogados na prisão para serem decapitados. Seus pais e parentes imploravam para que adorassem os deuses, mas São Sebastião, um oficial do imperador, os encorajou em sua fé.
Famílias, amigos e o juiz foram convertidos por sua coragem e os santos foram libertados. Traídos, foram recapturados e re-aprisionados, pregados a dois pilares, após um dia e uma noite, foram trespassados por lanças. Seu túmulo foi encontrado em 1782 em Roma, na igreja de São Cosme e Damião, perto do túmulo do mártir Félix II.
Eles são especialmente homenageados na Espanha, onde a cidade de Badajoz escapou da destruição por sua intercessão.
Fonte: Nominis.
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