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A cizânia e a boa semente

Reflexão ao Evangelho do 5º Domingo após a Epifania



PRÆLEGENDUM (Joel 2,19.22)

Vou enviar-vos trigo, vinho novo e azeite, e ficareis saciados destes gêneros; não vos entregarei mais ao insulto das nações, diz o Senhor.

Não temais, animais do campo, porque as pastagens do deserto reverdecerão, porque toda a árvore dará o seu fruto, a figueira e a vinha produzirão abundantemente.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Cora era no princípio, é agora e sempre será, pelos séculos dos séculos. Amém.



📖 EVANGELHO de Jesus Cristo, segundo São Mateus 13, 24 à 30.


O inimigo semeando sementes de joio, de Heinrich Füllmaurer (1526-1546)

Naqueles dia, Jesus propôs-lhe outra parábola, dizendo: "O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo.

Porém, enquanto os homens dormiam, veio o seu inimigo, e semeou cizânia no meio do trigo, e foi-se.

Tendo crescido a erva e dado fruto, apareceu então a cizânia.

Chegando os servos do pai de família, disseram-lhe: Senhor, porventura não semeaste tu boa semente no teu campo? Donde veio pois a cizânia?

Ele respondeu-lhes: Foi um inimigo que fez isto. Os servos disseram-lhe: Queres que vamos e a arranquemos?

Ele respondeu-lhes: Não, para que talvez não suceda que, arrancando a cizânia, arranqueis juntamente com ela o trigo.

Deixai crescer uma e outra coisa até à ceifa, e no tempo da ceifa direi aos segadores: Colhei primeiramente a cizânia, e atai-a em molhos para a queimar; o trigo, porém, recolhei-o no meu celeiro."


Te louvamos, Senhor!

 

HOMILIA proferida por São Jean de Saint-Denis


Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!

Que as palavras de Cristo penetrem em seu coração, que haja paz entre vocês, que perdoe seu próximo: esta epístola nos introduz ao estranho Evangelho de hoje, que por si só nos introduz à sabedoria prática do ensinamento de Cristo.


Um homem semeia trigo, vai embora e, enquanto dorme, o inimigo semeia joio. Os criados querem arrancar as ervas daninhas, mas o Mestre os proíbe de fazê-lo, dizendo: "Não o faça antes do tempo, porque se você as arrancar, corre o risco de puxar o trigo, a boa semente".


A Igreja e a graça semeiam o trigo em toda parte, mas quando estamos desatentos, cada um pessoalmente, as comunidades, as igrejas ou a humanidade, quando nos contentamos em ter feito uma boa ação, cheia de confiança em Deus, quando recebemos a graça e a revelação da verdade, então, durante esta desatenção, na noite, o inimigo espalha as ervas daninhas. Acordamos e o vemos. Mas, gritamos: "O cristianismo existe há dezenove séculos, como é que as ervas daninhas cresceram? Um homem, um reformador, um movimento humano, desejoso de corrigir esta fraqueza, levanta-se de repente e proclama: "O cristianismo está comprometido, deve ser reformado, deve ser revolucionado, e as ervas daninhas venenosas devem ser arrancadas". Estes salvadores, tremendo de boa vontade, convencidos de que estão salvando o mundo, a sociedade ou suas próprias almas, arrancam o joio odiado e com eles o trigo. Estas são as revoluções, as mudanças repentinas que ocorrem no mundo ou em nós mesmos, quando queremos ser mais puros muito cedo.


Considere as reformas religiosas, políticas, ideológicas: elas sempre contém verdades, algumas lutam contra a tirania pela liberdade, outras pela justiça contra a exploração. O protestantismo lutou contra os abusos da Igreja, Gregório VII lutou contra a queda moral dos padres. Os reformadores são seres dinâmicos, movidos pelo desejo do bem. Qual é o resultado? Sim, eles retiram as ervas daninhas ruins, mas também muito trigo bom! E cada uma dessas reformas nos despoja.


Cristo nos ensina que se arrancarmos as ervas daninhas antes do tempo, estamos fazendo algo insensato. É o mesmo com nossas almas e com nosso próximo, pois se gostamos de nos interessar por nossas almas, somos insensíveis ao nosso próximo. Nos supreendemos com suas falhas. Como isso poderia acontecer? Este "santo" que reza, que é bom, eis que descobrimos nele reações chocantes. Em um vemos a impureza, no outro o orgulho, e o que você tem... Então nossos olhos, como aquele servo pouco inteligente, estão fixos no joio maligno. E como salvaremos nosso vizinho? Arrancando as ervas daninhas antes de seu tempo? A sabedoria nos adverte que devemos fazer o contrário. É necessário, a fim de preservar o trigo, nunca remover as ervas daninhas antes de seu tempo, para que não desarraiguemos os dons divinos. Uma alma é agarrada com uma vaidade, uma fraqueza ou uma inspiração impura, e estamos a caminho de trabalhar nela, e antes de alcançarmos o resultado positivo, removemos até mesmo o que era bom em seu estado negativo. Quero testemunhar pessoalmente que sempre me curvei a este Evangelho e àqueles que nos ensinam esta sabedoria, por exemplo: o Servo infiel (Lc 16,1-12). Os resultados, meus amigos, sempre foram positivos. Mas aquele que está com pressa, que quer fazer mais do que pode, que está irritado com falhas e falhas, esgota a graça na noite de sua inteligência.


Esta parábola evangélica nos lembra de outra fórmula do apóstolo Paulo sobre o homem interior e o homem exterior. Ele aconselha que o homem interior seja fortalecido acima de tudo, para que o homem exterior possa diminuir. O que faria o servo tolo, benevolente mas pouco inteligente em nossa história? Ele mataria o homem exterior por causa do homem interior, que ainda não ganhou forças.


Meus amigos, desenvolvam o homem interior, busquem o reino de Deus dentro de vocês. Lute contra suas falhas e não imagine que você possa arrancá-las antes do tempo. Diante do mundo, não se preocupem muito com as ervas daninhas que brotam por toda parte, não façam esta propaganda derrotista: o mundo está em seu último momento, a decadência moral está aparecendo de todos os lados! Não temos nenhuma utilidade para estes moralistas agitados, prisioneiros da crítica, da denúncia, do pânico diante do príncipe da iniquidade, incapazes de trazer o positivo. Quanto mais a vida espiritual em Cristo aumenta, mais o mal secará, arrancado pela mão dos anjos.


São Jean de Saint-Denis [Eugraph Kovalevsky]. Homilia sem data (provavelmente 1954).

De uma publicação de 1971 da Présence Orthodoxe.

 

🙏 ORAÇÃO

(Cf. Oração da Coleta da Divina Liturgia Galicana)


Senhor nosso Deus, tu és o único gerado, tu nunca deixas de nos gerar a vida divina semeando as sementes de tua graça em nossos corações. Conceda que possamos estar sempre vigilantes e em todos os lugares, para que as armadilhas do diabo não nos arrebatem os frutos de sua Glória. Ó Vós que viveis, reinais e triunfais pelos séculos dos séculos. Amém.



😇 SANTOS do dia


Ordenação episcopal de São Vedasto.

São Vedasto, também conhecido como São Vaasto (em flamengo, normando e picardo), São Gastão em francês e Foster em inglês (falecido por volta de  540) foi um dos primeiros bispos do Reino da França.

No início do século VI, São Remígio, bispo de Reims, aproveitou a boa vontade da monarquia franca para organizar a hierarquia católica no norte da Gália. Ele confiou a diocese de Arras e a diocese de Cambrai a Vedasto, que foi o professor de Clóvis após a vitória de Tolbiac e ajudou na conversão do rei franco.




Amandus. Manuscrito do século XIV.

Santo Amandus (Amand), bispo de Tongres (684).

Foi um santo evangelizador do norte da Gália, região conhecida como "Gália belga", particularmente da região de Scheldt e Scarpe. Ele é considerado o fundador da Igreja na Bélgica.

Ele foi anexado à sede episcopal de Maestricht, mas depois de três anos preferiu permanecer como bispo missionário, fundando comunidades e mosteiros para serem centros de divulgação cristã. Terminou sua vida na abadia que fundou e onde se aposentou.



São Fócio batizando os búlgaros.

São Fócio, o Grande (891), foi o patriarca de Constantinopla entre 858 e 867 e, novamente, entre 877 e 886.

Fócio representa para os povos eslavos do Sul, um papel importante na sua cristianização. Logo após a sua eleição, em 857,como Patriarca de Constantinopla, envia os santos Cirilo e Metódio como missionários para aquela região, e em 867 um bispo para a Ucrânia. Durante algum tempo rompe a comunhão com o papa Nicolau I de Roma de quem recebe anátema, devido a questões disciplinares, entre as quais relativas à sua eleição e devido à discordância acerca do dogma do Filioque, reforçando o afastamento da Igreja Latina, concretizada durante o exercício do seu sucessor Cerulário em 1054.

São Fócio, para além da importância das suas funções, era um reconhecido teólogo do seu tempo que via nos Padres da Igreja os grandes interpretadores do Evangelho.

Nas suas cartas acusa os latinos de se terem afastado da Tradição apostólica nos seguintes pontos: os ázimos, o jejum do sábado, a abstinência, o rito do batismo, o culto às imagens, o filioque e o primado romano.

Antes de ocupar o seu lugar de Patriarca já era conhecido como leigo sábio e conhecedor de filosofia e das ciências.

Injuriado e deposto voltou sempre a ser reconduzido à sua dignidade de guia da santa Igreja Ortodoxa, como pedra de fé e de estrutura que resistiu a todos os ataques dos poderes terrenos.


 
 
 

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