Reflexão do 6º Domingo após o Pentecostes
🎶 Praelegendum
Cristo teve compaixão da raça humana. Ele a alimentou com sua própria Carne, aleluia.
Dê-nos hoje, Senhor, o Pão substancial. A estrada é longa e nossas forças vacilam.
O homem não vive só de pão, mas de cada palavra que sai da boca de Deus.
📖 Leitura do Evangelho de Jesus Cristo, segundo São Marcos 8,1-9
Naquele tempo, estando outra grande multidão reunida, o povo ficou novamente sem provisões. Jesus chamou os discípulos para perto de si e disse: “Sinto compaixão desta gente, porque estão comigo há três dias e não têm com que se alimentar. Se os mandar embora com fome, desfalecem pelo caminho, pois alguns vêm de muito longe.” Os discípulos responderam-lhe: “E onde se poderá aqui num deserto arranjar pão para alimentá-los?” “Quantos pães têm?”, inquiriu. “Sete”, responderam.
Mandou então que todos se sentassem no chão. E tomando os sete pães, deu graças a Deus, partiu-os em pedaços e entregou-os aos discípulos, para os levarem à multidão; e estes assim fizeram. Encontraram também alguns peixinhos que Jesus igualmente abençoou e mandou os discípulos servir.
E a multidão comeu até ficar satisfeita. Recolhidas as sobras, ainda sobejaram sete cestos. Havia cerca de 4000 homens. Então mandou-os embora.
Glória a Ti, Senhor! Glória a Ti!
Reflexão do Evangelho
bispo Jonas, exarca
Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Neste Domingo da Multiplicação dos Pães, gostaria de reunir dois milagres que expressam o Poder e a Bondade de Deus.
No deserto, nosso Senhor multiplicou o pão e em Caná transformou a água em vinho, habituando assim a boca dos seus discípulos ao seu pão e ao seu vinho, até o momento em que lhes daria o seu Corpo e o seu Sangue. Ele os fez saborear pão e vinho transitórios, passageiros, para despertar neles o desejo de seu corpo e sangue doadores de vida plena. Ele lhes deu essas pequenas coisas para que soubessem que seu dom supremo seria de graça.
Ele não apenas nos cobriu com brindes, mas também nos tratou com carinho. Porque ele nos deu essas coisas para nos atrair, para que pudéssemos ir e receber de graça a grandeza da Eucaristia.
Esses pequenos pedaços de pão e vinho que Ele deu eram doces para a boca e alimento para o corpo, mas a dádiva de seu Santíssimo Corpo e Sangue é útil ao espírito. Ele nos atraiu para essas coisas agradáveis ao paladar, a fim de nos atrair para o que vivifica a alma. Ele escondeu doçura no vinho que fez, para indicar aos comensais que magnífico tesouro está escondido em seu Sangue vivificante.
Como primeiro sinal nas bodas de Caná, fez vinho para a alegria dos convidados, para mostrar que o seu Sangue alegraria todas as nações. O vinho está envolvido em todas as alegrias imagináveis e, da mesma forma, todas as libertações estão ligadas ao mistério de seu Sangue. Ele deu aos convidados um vinho excelente que transformou suas mentes, para que soubessem que a doutrina com a qual ele os beberia transformaria seus corações.
O que a princípio era apenas água foi transformado em vinho nas ânforas; era o símbolo do primeiro mandamento levado à perfeição; a água transformada era a lei aperfeiçoada. Os convidados beberam o que era água, mas sem sentir o gosto da água. Da mesma forma, quando ouvimos os antigos mandamentos, os provamos em seu novo sabor. O preceito: "Bofetada por bofetada", foi substituído pela perfeição: "A quem te bate, dá a outra face" (Lucas 6,29).
O poder divino se expressa na multiplicação dos pães, de fato, a obra do Senhor alcança tudo; em um piscar de olhos Ele multiplicou um pouco de pão. O que os homens fazem e transformam em dez meses de trabalho, seus dez dedos fizeram em um instante.
Da pequena quantidade de pão nasce uma grande quantidade de pães; como na primeira bênção: “Gerar, aumentar e multiplicar”.
O Senhor demonstrou o vigor penetrante de Sua palavra para aqueles que a cumpriam e a rapidez com que concedia Seus dons àqueles que os recebiam. Ele não multiplicou o pão tanto quanto poderia, mas na medida suficiente para os convidados.
Não foi seu poder que mediu seu milagre, mas a fome dos famintos. Se, de fato, o milagre tivesse sido medido com o poder, seria impossível avaliar a vitória deste. Medido pela fome de milhares de pessoas, o milagre ultrapassou as doze cestas.
Em todos os artesãos, o poder é inferior ao desejo dos clientes; eles não podem fazer tudo o que seus clientes pedem. As realizações de Deus, ao contrário, superam os desejos. E diz: "Junte os pedaços, para que absolutamente nada pereça", para que não se pense que o Senhor agiu apenas na imaginação.
O Senhor se digne tornar-nos mais famintos e sedentos do seu Pão substancial e do seu Vinho espiritual, para que possamos progredir na sua amizade que edifica a sua Igreja.
A Ele seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
🙏 Oração
Verdadeiramente é digno e justo, razoável e salutar, que sempre e em toda parte te demos graças, ó Senhor, Pai santo, Deus eterno e onipotente. Pois Tu és um Deus inefável, incompreensível, invisível, inacessível, imutável, por Jesus Cristo, Nosso Senhor, no Espírito Santo.
Através da multiplicação dos peixinhos, o vosso Filho mostra-nos a sua Encarnação e a sua Redenção. Ele, verdadeiro Pescador e Salvador do Homem, torna-se gratuitamente o Grande Peixe que se ofereceu como vítima da salvação e nos batiza nas águas da sua morte e Ressurreição.
Ao receber os sete pães, dando graças e distribuindo-os, seu Filho nos mostra as três obras da Salvação: a sua Encarnação, tomando a nossa natureza carnal; a sua Redenção, dando graças com o sacrifício eucarístico; e a sua Igreja, distribuindo os carismas do Espírito a cada um segundo a sua missão.
Hoje, o vosso Cristo nos alimenta com o Pão substancial que é a sua Palavra luminosa e o seu Corpo glorioso, e nos enche com o Vinho saboroso do seu Sangue e com o Fogo vivificante do Espírito Santo.
Portanto, com os Anjos e os Arcanjos, os Querubins e os Serafins, cantamos a Tua Glória, dizendo:
Santo, Santo, Santo, Senhor, Deus do universo! O céu e a terra proclamam a tua glória. Hosana nas alturas! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!
Immolatio, do Próprio da Oração Eucarística
da Divina Liturgia segundo o antigo rito da Gália
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