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Foto do escritorFraternidade São Nicolau

Domingo da Sexagésima

A parábola do Semeador



PRÆLEGENDUM (Sl 43, 23-26, 2)

Acordai, Senhor, por que dormis?

Levantai-Vos, não nos rejeiteis para sempre.

Por que desviais a vossa face e Vos esqueceis de nossa angústia?

Nosso corpo adere à terra.

Levantai-Vos, Senhor, socorrei-nos e salvai-nos.

Ó Deus, com os nossos ouvidos, ouvimos; nossos pais no-lo contaram.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.

Como era no princípio, agora e sempre, pelos séculos dos séculos. Amém.



📖 EVANGELHO de Jesus Cristo, segundo São Lucas 8, 4-15


Naquele tempo, tendo-se juntado uma grande multidão de povo, e, tendo ido ter com ele de diversas cidades, disse Jesus esta parábola: Saiu o semeador a semear a sua semente; e, ao semeá-la, uma parte caiu ao longo do caminho, e foi calcada, e as aves do céu comeram-na. Outra parte caiu sobre pedregulho, e, quando nasceu, secou; porque não tinha humidade. A outra parte caiu entre os espinhos, e logo os espinhos, que nasceram com ela, a sufocaram. Outra parte caiu em boa terra; e, depois de nascer, deu fruto, cento por um. Dito isto, exclamou: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Os seus discípulos, perguntaram-lhe o que significava esta parábola. Ele respondeu-lhes: A vós é concedido conhecer o mistério do reino de Deus, mas aos outros ele é anunciado por parábolas; para que vendo não vejam, e ouvindo não entendam. Eis o sentido da parábola: A semente é a palavra de Deus. Os que estão ao longo do caminho, são aqueles que a ouvem; mas depois vem o demônio, e tira a palavra do seu coração para que não se salvem crendo. Aqueles em que se semeia sobre pedregulho, são os que recebem com gosto a palavra, quando a ouviram; mas não têm raízes; até certo tempo creem, mas, no tempo da tentação, voltam atrás. A que caiu entre espinhos, representa aqueles que ouviram a palavra, porém, indo por diante, ficam sufocados pelos cuidados, e pelas riquezas, e deleites desta vida, e não dão fruto. Porém, a que caiu em boa terra, representa aqueles que, ouvindo a palavra com coração bom e perfeito, a retêm, e dão fruto pela paciência.


Te louvamos, Senhor!


"Sower and the Seed", de Aidan Hart, 2002.

HOMILIA

pelo Rv.mo Padre Serafim

Missão Ortodoxa São Jorge em São Paulo


Domingo passado fomos apresentados ao dono da vinha. No judaísmo do tempo de Jesus e para a Igreja Primitiva, a vinha simboliza o espiritual, enquanto a figueira simboliza o natural. Para os primeiros escritores cristãos, o “fruto da videira” representa o homem espiritual. Ao propor o tema do primeiro domingo de preparação para a Quaresma , a Santa Tradição nos indica a temática do período bem como faz alusão ao vinho da Nova Aliança, culminação do Mistério Pascal.


Neste domingo, o Lecionário nos propõe a “parábola das parábolas”: a parábola do semeador. Num aprofundamento do mistério cristão que culmina na Páscoa da Ressurreição, a Tradição nos apresenta hoje a parábola que é a chave de compreensão de todas as parábolas, cujo significado mais profundo é cósmico e ontológico. O sentido exotérico (a primeira camada de interpretação, o significado “externo”) é dado pelo próprio Jesus. Mas há aqui um detalhe que escapa a quase todos: a cena da explicação da parábola faz parte da própria parábola! O Mestre transmite aqui uma grande chave hermenêutica que escapa à quase totalidade dos analistas desta passagem. Se não nos transportarmos, como insisto semanalmente, à periferia de Israel ocupada pelo Império Romano para compreendermos os significados dos símbolos apresentados por Jesus, vamos perder a parte mais rica dos ensinamentos do Mestre.


Já falamos do significado da vinha e da figueira. O que podemos dizer sobre o significado da semente? Grandes tradições da Antiguidade (os Hebreus e os Celtas, são as que me ocorrem primeiro, mas há inúmeras) atribuíam enorme significado ao símbolo da semente: ela é uma árvore em potência, seu ínfimo espaço contém o que será uma árvore frondosa.


Sabemos que o pensamento helênico chegou ao ambiente bíblico e o influenciou por diversas vias, isso é evidente no Novo Testamento: a Nazaré que Jesus percorreu era vizinha da Síria helenizada , seu comportamento se assemelhava mais ao de um filósofo grego itinerante do que ao de um rabino judeu, os primeiros escritos cristãos foram redigidos em língua grega. Nos Evangelhos, sempre que aparece uma semente, ela simboliza a Ideia (sim, com maiúscula! Aquela do Platão). Mexeu com a sua compreensão da estória da fé e do grão de mostarda? É inevitável. Mas prossigamos com o semeador.


Assim, a parábola do semeador em seu significado profundo, é a explicação de Jesus da manifestação de uma Ideia. O próprio Logos nos explicando como age a Palavra Criadora. Isso pode ser compreendido em vários níveis: o semeador pode ser Deus, trazendo o mundo à existência, e as sementes os nomes das coisas criadas, este é o imaginário do Prólogo de João interpretando o primeiro capítulo do Gênesis. Mas também podemos compreender de modo ontológico como as ideias manifestando-se em nossa consciência.


A semente que cai pelo caminho é a ideia que cai no esquecimento e não chega a manifestar-se. O caminho é terra dura, calcada pelo constante caminhar, onde as raízes não podem se desenvolver. No nível existencial podemos pensar nos hábitos, nos significados, arraigados em que é extremamente difícil “plantar uma semente”.


A semente levada pelos pássaros são as ideias que não se manifestam por motivos alheios à nossa vontade. No nível existencial podemos mencionar as utopias (algumas ideias devem permanecer como ideias). No plano prático, podemos mencionar inúmeras ideias universais, que povoam a cabeça de grande parte da humanidade, para as quais ainda nos falta capacidade, desde o teletransporte até a cura do câncer.


A semente que cai em solo pedregoso é a ideia que tem manifestação efêmera. Passando pela promessa de parar de fumar no ano novo até o último penteado da moda, todos conhecemos o significado da expressão “fogo de palha”.


A semente que cresce entre espinhos é a ideia que disputa com as distrações vindas do exterior (objetos dos sentidos) e do interior (paixões). A vigilância, foco ou atenção (nepsis/νῆψις), era uma disciplina importante na Igreja Primitiva. Em nossa vida cotidiana quantas são as distrações, multiplicadas pela tecnologia, que tomam nosso tempo e nos desviam de nossos objetivos?


Esta é uma breve possibilidade interpretativa a partir da chave semente-Ideia. Insisto que os irmãos e irmãs pensem essa parábola em diferentes níveis. Sugiro também a comparação detalhada com o relato da criação no Genesis e com o Prólogo de João.


Pe. Nilson Serafim


Nota: Tradicionalmente, são três os domingos de preparação para a quaresma: o da Septuagésima, o da Sexagésima e o da Quinquagésima. A partir do Domingo da Septuagésima já não se canta mais o Aleluia e têm início o jejum e abstinência quaresmal.



ORAÇÃO

(da Post-Communion, da Divina Liturgia Galicana)


Misticamente semeados com o puríssimo Corpo do Verbo Pré-Eterno, demos-Lhe ações de graças e peçamos-Lhe, apesar da nossa extrema enfermidade, a força imperecível e vivificante do Seu Sangue, para que sejamos salvos da inundações de paixões carnais: Oremos ao Senhor!

Nós Vos rogamos, Deus Todo-Poderoso, permiti que aqueles a quem alimentais com os Vossos sacramentos, sejam Vossos servos, devotos como Paulo e atentos como Maria, dando frutos abundantes de fé, esperança e caridade, ó Unidade Tríplice,

glorificada pelos séculos dos séculos. Amém.


 

SANTOS do dia


Santa Eulália, Virgem e Mártir em Barcelona (+304)

Uma menina de doze anos, a mais popular das mártires espanholas, que lamentava os sofrimentos que via infligidos aos cristãos. Ela não hesitou em dizer isso na frente do governador que a prendeu e, na hora, colocou na fogueira e queimou viva. A notícia desse crime se espalhou muito rapidamente no Ocidente.

No século V, nós a encontramos em quase todos os sermões e no poema mais antigo da langue d'oïl (língua românica falada na Idade Média no norte da França), o "cantilène de Sainte Eulalie", disse sobre ela "Bel avret corps, bellezour anima, voldrent la veintre li Deo inimi". Ela tinha um corpo lindo, mas uma alma ainda mais linda. Os inimigos de Deus queriam conquistá-la, mas não conseguiram.

Fonte: Nominis.


São Melécio, Bispo de Antioquia da Síria (+ 381)

“Luminária da Ortodoxia e modelo de vida evangélica”, dizem dele os Sinaxários. Originário da Pequena Armênia da Cilícia, tinha vasta cultura e grande virtude. Primeiro bispo de Sebaste, depois eleito patriarca de Antioquia, a maior metrópole do Oriente na época, foi várias vezes exilado pelos imperadores arianos. Retirado para suas propriedades na Capadócia, teve muitas oportunidades de conhecer São Basílio .

A ascensão do imperador Teodósio, o Grande, permitiu-lhe recuperar seu trono patriarcal. Ele desempenhou um papel de liderança no Concílio Ecumênico de Constantinopla em 381, durante o qual morreu. São Gregório de Nissa fez seu elogio fúnebre.

Fonte: Nominis.


Estátua de São Galactorius (Galatório) na antiga catedral de Lescar, no departamento francês de Pyrénées-Atlantiques

São Galatório, bispo de Lescar e mártir (+ 507)

São Galatório (Galactorius ou Galactoire), é o segundo bispo da antiga sé de Lescar, na província de Béarn, França. Embora as origens da diocese sejam incertas, segundo a tradição, o evangelista, fundador e primeiro bispo teria sido São Juliano I, enviado a Béarn por Leôncio de Tréveris, no início do século V. Deste santo bispo sabemos que assinou os Atos do Concílio de Agde em 506 com o nome: "Galactorius, episcopus de Bernardo" ao lado dos bispos Graciano de Dax e Grato de Oloron. São Galatório, encontrando-se em Mimizan para encontrar o bispo de Bordeaux por volta de 507, foi morto por soldados visigóticos, derrotados pelos francos, hostis à doutrina cristã, e que queriam se vingar de algum modo.

Fonte: Santi e Beati.








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