Reflexão do Evangelho do 24º Domingos após o Pentecostes
PRÆLEGENDUM (Jer. 29,11, 12, 14; Sl 84,2)
Coro: Assim diz o Senhor: Meus pensamentos são de paz e não de aflição. Clamai por
mim e eu vos ouvirei. Reconduzir-vos-ei de vosso cativeiro de todos os lugares.
V/: Abençoaste, Senhor, a tua terra.
Coro: Livraste Jacó do cativeiro.
📖 EVANGELHO de Jesus Cristo, segundo São Mateus 24, 15-35
Naquele tempo, disse Jesus: Quando, pois, virdes a abominação da desolação, que foi predita pelo profeta Daniel, posta no lugar santo — o que lê entenda, — então os que se acham na Judeia, fujam para os montes; e o que se acha sobre o telhado, não desça para tomar coisa alguma de sua casa; e o que está no campo, não volte a tomar a sua túnica. Mas, ai das (mulheres) grávidas e das que tiverem crianças de peito naqueles dias!
Rogais pois que não seja a vossa fuga no inverno, ou em dia de sábado; porque então será grande a tribulação, como nunca foi, desde o princípio do Mundo até agora, nem jamais será. E, se não se abreviassem aqueles dias, não se salvaria pessoa alguma; porém, serão abreviados aqueles dias em atenção aos escolhidos.
Então, se alguém vos disser: Eis aqui está o Cristo, ou ei-lo acolá, não deis crédito. Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes milagres e prodígios, de tal modo que (se fosse possível) até os escolhidos se enganariam.
Eis que eu vo-lo predisse. Se, pois, vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais; ei-lo no lugar mais retirado da casa, não deis crédito. Porque, assim como o relâmpago sai do Oriente e se mostra até ao Ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem.
Em qualquer lugar, em que estiver o corpo, aí se ajuntarão também as águias. E, logo depois da tribulação daqueles dias, escurecer-se-á o Sol, e a Lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potestades dos céus serão abaladas. E então aparecerá o sinal do Filho do homem no céu; e todas as tribos da Terra chorarão, e verão o Filho do homem vir sobre as nuvens do céu com grande poder e majestade. E mandará os seus anjos com trombetas e com grande voz, e juntarão os seus escolhidos dos quatro ventos, de uma extremidade dos céus até à outra.
Aprendei uma comparação tirada da figueira: Quando os seus ramos estão tenros e as folhas têm brotado, sabeis que está perto o estio; assim também, quando virdes tudo isto, sabei que (o Filho do homem) está perto, (está) às portas.
Na verdade vos digo que não passará esta geração, sem que se cumpram todas estas coisas. O céu e a Terra passarão, mas as minhas palavras não passarão.
Glória a Ti, Senhor!
🙋🏽♂️ REFLEXÃO
Vou oferecer-lhes esta meditação, primeiro sobre o Evangelho que ouvimos e especialmente sobre a Epístola de São Paulo.
Nesta última semana do ano litúrgico, a Igreja oferece-nos o ensinamento do Salvador sobre o fim dos tempos. A Igreja também nos lembra de nosso próprio fim terreno.
Há no término do ciclo anual uma figura da nossa contingência. Os eventos finais do mundo e da humanidade têm como prelúdio nossa própria morte e nosso julgamento individual.
Ouçamos a palavra de Deus em Eclesiástico 7, 36: “Em tudo o que fizeres, lembra-te do teu fim e não peques”, disse o Profeta. O próprio Senhor nos exorta a sermos vigilantes. Nossa vida cristã é em essência orientada para o nosso fim e ao mesmo tempo um recomeço magnífico. E o Evangelho segundo São Mateus, que acabamos de ler, diz-nos “e todas as tribos da terra verão o Filho do homem vindo nas nuvens do céu com muito poder e glória”.
Sim, irmãos e irmãs, o Senhor vem, vem para cada um de nós, vem sempre quando saímos deste mundo, ou seja, na hora da morte. O Senhor está vindo, embora os sinais de advertência, como temos ouvido, ainda não tenham se cumprido. Ninguém sabe o dia ou a hora, mas há sinais, isto é, na hora da morte.
Agora vamos falar um pouco sobre o apóstolo Paulo, cuja epístola ouvimos ser lida (Colossenses 1, 9-14). O que ela está dizendo ? Ao terminar o texto escolhido para a sua epístola, para este último domingo depois do Pentecostes, diz as seguintes palavras: “Demos graças com alegria ao Pai, que nos tornou capazes de partilhar a herança dos santos na luz, aquele que arrebatou-nos do poder das trevas e nos fez passar ao reino de seu Filho amado, em quem temos a remissão dos pecados”. É o que diz o apóstolo das nações, o apóstolo Paulo.
Como nos assegura São Paulo, esperamos um dia compartilhar a herança dos santos na luz supraterrestre. Podemos, portanto, de agora em diante, regozijar-nos com os raios desta luz que nos alcançaram. Podemos buscar juntos perante o Senhor as graças ou, como dizem os teólogos ortodoxos desde o século XIV, as energias não criadas que foram derramadas sobre nós e sobre o mundo. O benefício da graça que contém tudo está em nossa redenção.
O Senhor nos tornou capazes de compartilhar a herança dos santos, na luz. Ele nos arrebatou do poder das trevas e passou para o reino de seu Filho Amado. Todas as graças recebidas no ano dependem essencialmente da nossa redenção, pois dependem da árvore, seus ramos e folhas. Somos arrancados do poder das trevas.
Mas o que é esse poder das trevas? Bem, este é o reino de Satanás. É dele que vêm o pecado e a corrupção. E nós, apesar da nossa indignidade, partilhamos, no seio da Igreja e em comunhão com a herança dos santos, na luz, quer dizer, a luz do próprio Deus. É esta luz que nos dá alegria, hoje, no final do ano litúrgico, pois voltaremos no próximo domingo, no primeiro domingo do Advento, no seio da Igreja e em comunhão com a herança dos santos, à luz, quer dizer, à luz do próprio Deus.
Filhos de Deus pelo Batismo, membros do Reino, por nós a cruz de Jesus nos acompanha e não queremos mais deixá-la até que Cristo apareça nas nuvens do céu com poder e glória. É na cruz que reside nossa salvação, nossa vida e nossa ressurreição. A cruz é o sinal supremo da nossa redenção, da esperança do nosso coração, da nossa própria vida. Por ela, por meio dela, o Senhor nos cura, dia após dia, aos poucos. Por meio dela, Ele nos protege das concupiscências deste mundo. A cruz, meus amigos, a cruz sobre a qual nosso Senhor Jesus Cristo golpeou a morte com sua ressurreição que nos faz crescer, o desejo profundo de viver em Sua presença, de estar com Ele para sempre, de ter o desejo de ver seu reinado chegando terra como no céu.
E neste último domingo depois de Pentecostes, a Igreja nos convida a nos preparar para o retorno glorioso do Senhor. Esta preparação continuará ao longo do tempo do Advento que está para começar. Pra falar a verdade, o ano nunca acaba. O ano é cíclico e nos leva a Deus que não tem começo nem fim. E no Evangelho de hoje o Senhor avisa-nos que todos os infortúnios que ocorrerem não nos devem assustar, porque, diz-nos, “serão sinais indispensáveis, são os sinais precursores do dia do Senhor”, daquele dia que ninguém conhece e que subitamente virá para a glória da Trindade Divina, Pai, Filho e Espírito Santo pelos séculos dos séculos. O ano nunca acaba.
Amém.
Fonte: La fim des temps. 24ème et dernier Dimanche après la Pentecôte.
🙏 ORAÇÃO
(Cf. a Oração da Coleta da Divina Liturgia Galicana)
Quando anuncias nossa Páscoa, quando trazes novos céus e nova terra, ó Verbo de
Deus e Filho do Homem, tu apartas o teu povo da velhice, do pecado e da morte, e
produzes neles o desabrochar primaveril das folhas da justiça e das flores da
misericórdia.
Nos te rogamos, Jesus: cultiva o campo do nosso coração para a aquisição do Espírito Santo e da amizade de teu Pai.
Santíssima Trindade, glória a Ti pelos séculos dos séculos. Amém.
😇 SANTOS do dia
São Vilibrordo (Willibrord), Bispo de Utrecht, mártir, apóstolo dos Países Baixos (✝ 739).
Originário do leste da Inglaterra, foi confiado por sua família ao mosteiro de Ripon, então dirigido por São Wilfrid de York . Com a idade de vinte anos, ele foi para o mosteiro da 'ilha dos santos' na Irlanda. Em 690, ele foi enviado para evangelizar a Frísia com onze monges anglo-saxões. Conquista a amizade do pai do imperador Carlos Magno, Pepino, o Curto, a quem converte e que, desde então, o apoiará sem falta.
Nomeado bispo de Utrecht, ele fundou a Abadia de Echternach em Luxemburgo e foi a partir daí que realizou missões na Frísia e na Dinamarca.
Fonte: Nominis.
São Herculano, bispo de Perúgia, mártir (✝ 549).
Em seus "Diálogos", o Papa Gregório Magno escreve que São Herculano viveu uma vida monástica no mosteiro dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho. Chamado à cátedra episcopal de Perugia após a morte do bispo Maximiano, ele se opôs à invasão dos godos pelo rei Totila, que lutava contra os bizantinos. Após três anos de cerco, provavelmente em 547, as tropas lideradas pelo governante ostrogodo penetraram em Perugia. Herculano foi capturado, esfolado e decapitado em frente à Porta Marzia, por ordem do próprio Totila, engajado no cerco de Roma.
Quando o túmulo primitivo foi aberto, se constatou que a cabeça de Herculano estava unida ao corpo, como se nunca tivesse sido cortada, nem havia cicatrizes no pescoço, nem sinais das torturas e arranhões sofridos no corpo.
Fonte: Santi Beati.
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